Tecnologia para deficientes visuais



A estudante Marina Lacerda começou a perder a visão quando tinha 16 anos. Em 2007, seu oftalmologista deu o veredicto: seu nervo ótico simplesmente apagou... Assim, sem muita explicação. Mas hoje ela ainda é capaz de perceber regiões luminosas e tem certa visão periférica, ou seja, consegue identificar o contorno de objetos e pessoas.
Apesar do choque, como qualquer jovem, Marina não deixou de correr atrás de sua liberdade e independência. E, pelo menos no mundo virtual, isso ela já conseguiu."Consigo conversar com os meus amigos, sites de relacionamento, emails, word para fazer trabalho, faço tudo", conta  Marina. 

Tanto no computador quanto no celular, ela aprendeu a trabalhar com softwares de leitura de tela. Para quem nunca usou um, parece um pouco impossível entender alguma coisa. Mas pra ela já é tudo muito natural. Marina decorou todas as posições do teclado e, inclusive, dezenas de atalhos para substituir o uso do mouse. A adaptação levou algum tempo, mas agora ela tem total autonomia do que faz na frente do PC e também no celular. "Quando eu mando mensagem as pessoas acham que eu pedi para alguém escrever para mim. Eu sempre preciso explicar que eu consigo fazer tudo: escrever e enviar", lembra Marina.


Um pouco mais experiente no assunto, Fábio usa leitores de tela há mais de 10 anos. Para quem nasceu cego, a solução transformou sua vida. Hoje, além de se manter atualizado e saber tudo o que acontece no mundo, ele conversa com amigos por meio da internet e, assim, vive de forma muito mais integrada.


"Você depende bem menos das pessoas e tem outra, as pessoas acham que por ficar muito no computador a pessoa é privada de vida social. Muito pelo contrário, o acesso à informática me fez mais sociável ainda. Eu encontrei muita gente pela internet, minha esposa, por exemplo", explica  Fábio Scheffer, 29 anos. 


Sempre conectados, Fábio e Marina sabem que existe uma infinidade de produtos super modernos que podem facilitar ainda mais a vida deles. Hoje, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, existem mais de um milhão e meio de cegos só no Brasil. Isso, sem contar outros quatro milhões de deficientes visuais sérios. Infelizmente, essas soluções tecnológicas estão um pouco distante da maioria deles.


Recentemente, Fábio comprou um iPhone 4. Para ele, uma das melhores aquisições para cegos. Além de já vir com leitor de tela instalado, o aparelho tem outras facilidades para deficientes visuais. Mas seu sonho de consumo é mesmo uma linha braile, que, por aqui, não sai por menos de oito mil reais.


"É um equipamento que pode ser ligado na entrada USB do computador e o leitor, ao invés de traduzir pra síntese de voz, traduz para essa linha braile, que forma os pontinhos. É como se eu estivesse lendo no papel, mas, na verdade, estou lendo no equipamento", conta Fábio. 


Marina é privilegiada. Este mês viajou à Europa, onde, junto com a família, pretende comprar equipamentos que sequer chegaram por aqui. Além de uma bengala com sensor laser e etiquetas com gravação de áudio, ela quer muito um tal de Colorino; um equipamento capaz de identificar as cores nas suas mais distintas tonalidades em qualquer objeto. "Coisas que aqui custam R$ 2 mil, lá na Europa custam R$ 200", afirma Marina.


Apesar dessas barreiras, esses dois exemplos de otimismo e perseverança não reclamam. Pelo contrário, comemoram o estágio de independência que alcançaram graças à tecnologia.


                                                                                                                                     Fonte: Olhar Digital 

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